segunda-feira, 31 de julho de 2017

Vaticano abusa do ortodoxismo e ignora os celíacos

Vaticano abusa do ortodoxismo, ignora os celíacos e proíbe o uso de hóstias sem glúten 


Em carta endereçada aos bispos, o Vaticano afirmou que hóstia sem glúten é matéria “inválida” para a Eucaristia. Mesmo assim, a Santa Sé liberou o uso de hóstias com baixa quantidade de glúten, como se os católicos celíacos não tivesse direito à comunhão. 

Na Espanha há vários relatos de crianças celíacas que não podem comungar com hóstia feita de farinha, devendo fazê-la com vinho. Determinado pelo papa Francisco, o documento, datado de 15 de junho, pede que se vigie “a qualidade do pão e do vinho destinados à Eucaristia e, portanto, aqueles que os preparam”, e não se opõe ao uso de alimentos geneticamente modificados.

Segundo a carta da Santa Sé, assinada pelo cardeal Robert Sarah, o pão tem que ser ázimo (sem fermento), só de trigo, assado recentemente e elaborado por pessoas competentes e íntegras. Qualquer outro cereal só será é tolerado em reduzidas proporções, sendo considerado um “abuso grave” o acréscimo de outros produtos como frutas, açúcar e mel.

O texto também destaca que o mosto, ou seja, o suco de uva fresco ou conservado, cuja fermentação tenha sido suspensa, pode ser utilizado na Eucaristia. O vinho, segundo o Vaticano, deve ser exclusivamente da uva, “do fruto da videira, puro e sem corromper”, e os sacerdotes têm de conservá-lo em perfeito estado para evitar que o mesmo se transforme em vinagre. 

No contraponto, o documento ressalta que enquanto, até então, algumas comunidades religiosas se dedicavam a preparar o pão e o vinho para a celebração da Eucaristia, atualmente os mesmos são vendidos também nos supermercados, em outros negócios e na rede mundial de computadores. 

Por conta disso, o Vaticano sugere que “para não deixar dúvidas sobre a validez da matéria eucarística”, os bispos deem indicações a respeito, por exemplo, garantindo a matéria eucarística mediante certificados apropriados. 

Em vez de privar os celíacos da comunhão, a Santa Sé deveria se preocupar com assuntos mais sérios, como, por exemplo, os crimes cometidos no âmbito do “Istituto per le Opere di Religione” (IOR), também conhecido como Banco do Vaticano, uma lavanderia financeira que funciona na Praça São Pedro e com a benção dos caciques da Igreja Católica.

Do ucho.info